domingo, 13 de setembro de 2009

Noites Brancas














Visconti, Noites Brancas, 1957

Sempre gostei da noite, com a sua dimensão íntima e pessoal. Fora do tempo industrial e tecnocrático que nos carateriza, na sua potencialidade de liberdade e intimidade. Também pela solidão, a má e a boa naturalmente, cuja experiência é tão necessária como enriquecedora. Não renego a noite da festa, cúmplice secreta da que refiro. Mas receio que esta esteja demasiado contaminada pela banalização e mau gosto actual; pelo secreto medo da solidão, que a todos nos rodeia. De noite o tempo é lento, como uma sombra que segue os nossos passos, sentimentos e pensamentos, como um espelho que nos devolve o olhar. Noite dos ascetas e dos escritores, discretos obreiros da palavra, que não sendo tão contudente como a espada, escava na nossa alma possibilidades insuspeitas.

Sem comentários:

Enviar um comentário