terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SECOND LIFE

(Eu e um amigo)

Mea culpa, acabei por ir parar lá... Mas tenho muitas reservas. Em primeiro lugar pelo facilitismo. Tudo é fácil no SL, as relações, o divertimento, os cenários. E sempre naturalmente acompanhados nas nossas viagens, por uma infinidade de tralha para comprar e vender, desde que se tenham linden. Se já somos tão infantilizados pelos meios de consumo, e pela ditadura de mercado, de facto esta é a última e obscena intrusão no nosso íntimo e alma.  A banalização do que entendemos por amizade e relações é igualmente chocante, sendo estas tão fáceis como voláteis.  Podemos rapidamente contrair matrimónio, ter filhos, sem a culpa deste lado, ou demasiadas reservas ou cautelas.
No mundo do faz de conta é tudo a brincar.  Nada aparentemente se perde ou se ganha. Quanto muito as horas em que estamos encarcerados à frente do monitor.  Desde o livro, passando pelo cinema, e chegando à web 2.0, gostaríamos de dizer que o que poderíamos chamar de democratização da narrativa, teria chegado finalmente às massas. Mas não. Isto porque nenhum formato narrativo, pode substituir os conteúdos, pelos quais nós e a sociedade somos responsáveis.  O SL seria assim nesta medida tudo aquilo que fizermos dele.  Tal como a arte poderia ser um meio de elevação, de novas experiências que nos são vedadas pelas limitações inerentes à vida neste lado. Tal como o teatro em particular uma possibilidade de exteriorizar as nossas emoções mais íntimas positivas e negativas.  Enfim uma possibilidade de conhecer novas culturas, novas maneiras de ser e de estar, numa eventual feliz e oportuna, miscigenação cultural. Mas pensemos um pouco e tiremos o olhar do monitor. Não será de facto verdade que a cultura do lixo, da despersonalização emocional, do facilitismo e do mercantilismo, não chegou faz tempo, ao patamar do nosso bom gosto e tolerância, nesta vida aqui, a que chamamos de real? Esperemos que não seja tarde....

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