Abelha da China (A)
Macau: 12/9/1822 – 27/12/1823 (67 Números)
Periodicidade: Semanal
Descrição física: 29 cm
CDU: 070 (043)
O primeiro número é
redigido no contexto das lutas entre liberais e absolutistas. A reacção à
revolução de 1820, tendo em conta a distância do território, só vai ocorrer em
1822. O Leal Senado é deposto e é eleita uma vereação local. Só em 1823 é que o
governo absolutista vai ser reposto.
A
Abelha da China é considerado simultaneamente como o primeiro jornal da história moderna da China, primeiro
redigido em português em tal território e primeiro de Macau, composto em
tipografia moderna. O seu fundador foi o major Paulino da Silva Barbosa um dos
governadores de Macau e foi editado na Igreja de S. Domingos, igreja conventual
consagrada a Nossa Senhora do Rosário, por um
prior dominicano: o frade António de S. Gonçalo de Amarante, um dos lideres do
movimento liberal em Macau, à semelhança de Paulino e vigário do Convento de S.
Domingos, onde se situava a tipografia do governo. O seu número de 28 de Agosto
de 1823 é queimado junto ao Leal Senado, na presença dos cidadãos eleitores,
como reacção do governo absolutista à sua defesa da causa liberal e reivindicações
de autonomia governativa. A sua divisa é Hoc Tempore
Obsequium Amicos, Veritas Odium Parit
ou seja: Apenas os inimigos falam a verdade; os amigos e
amantes mentem incessantemente, apanhados na teia do dever citando Terêncio, dramaturgo romano, na sua comédia Andria.
Na notícia da primeira página
datada de 12 de Setembro de 1822, neste seu primeiro número, o periódico surge
como iniciativa do Leal Senado, que determina a sua redacção, assume assim um
carácter misto de veículo político e informativo. Reportando-se a 19 de Agosto
desse ano, declara o seu apoio ao levantamento popular contra o despotismo,
saudando o governo provisório que a partir dessa data se instala,
congratulando-se com a paz e tranquilidade com que o processo é efectuado. A
falta de confiança na governação por parte do povo é referida como resultado dos
meios indignos que usa para perpetuar-se não se opondo aos males que afectam o
comércio e por conseguinte a cidade. Dai a necessidade do seu afastamento. A
pirataria e os bandidos existentes no interior do território, seriam decerto um
dos constrangimentos ao comércio, mas o referido conflito radica no facto da
constituição de 1882, considerar Macau uma colónia e assim nomear indivíduos do
continente para a governar enquanto vereadores municipais. O novo governo que
se instala, desvincula-se da obediência ao governador enquanto senado, no domínio
dos poderes legislativo, judicial e executivo. O governador à altura José Osório de Castro
Cabral de Albuquerque passa apenas a reter o poder como comandante militar e é
substituído pelo major Paulino Barbosa. Em 1823 regressa o poder absoluto e António
de S. Gonçalo de Amarante, foge para Cantão. Depois da referida queima do periódico
este é continuado por frades Agostinhos, em conformidade com o novo governo
instalado. Em 3 de Janeiro de 1824 é substituído pela Gazeta de
Macau. O major Paulino Barbosa cessa as suas funções como governador
eleito pelos locais, em 23 de Setembro de 1823. Refira-se por último a importância
do jornal pelo seu interesse demonstrado pela cultura chinesa, apresentando
documentos traduzidos do mandarim.
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