quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

AVE AZUL

Ave Azul: revista de arte e critica/dir. Beatriz Pinheiro de Lemos e Carlos de Lemos

Viseu, 1899 – 1900 (12 números em duas séries)

Periodicidade: Mensal

Descrição física: 23 cm

Cota Biblioteca Nacional: J. 1637 B.

 

Revista editada em Viseu, contrariando certa tendência dominante de Lisboa e Porto. A sua direcção era assegurada por Beatriz Pinheiro de Lemos (Viseu, 1872 — Lisboa, 1922), poetisa e intelectual, pioneira da emancipação feminina em Portugal e o seu marido Carlos de Lemos (Lalim, Tarouca, 3 de Janeiro de 1867 — 1954), poeta, jornalista e editor, defensor do republicanismo. Citando as éclogas de Virgílio:  Trahit sua quem que voluptas: Cada qual tem o prazer que o arrasta assumindo-se o carácter pessoal e intimista da revista, que remete para um público educado da média alta burguesia, existindo ainda assim um certo amadorismo na apresentação gráfica. Quando falamos em publico educado, estamos a referir-nos a alguém que conheceria as citações latinas, mesmo que não falasse a língua, e os seus autores clássicos.

A Ave afirma-se como das poucas revistas literárias no país, de suposto reconhecimento merecido. Não a inspiram novas teorias estéticas mas sim um papel de divulgação da cultura literária, perante a perspectiva das dificuldades económicas de tal publicação, cujo principal objectivo é facultar a todos o prazer lúdico e evasivo da poesia, rejeitando qualquer pretensão à celebridade. Em paridade com o trabalho a poesia deve acompanhar o homem no seu devir, valor republicano por excelência com todas as suas iniciativas de educação popular.

Tal não significa que a revista e citando esta, se aliene das misérias do século. De facto os finais do século XIX, são a época da Regeneração, durante a Monarquia Constitucional, onde Portugal se esforça por atingir um desenvolvimento económico e modernizar-se. Também a literatura tinha mudado com a edição das Odes Modernas,  (1865) de  Antero de Quental, onde são patentes as influências do humanismo de Proudhon e da dialéctica evolucionária de Hegel, rompendo o sentimentalismo romântico, e inspirando-se no ardor revolucionário, na justiça social e no triunfo da verdade ideal.  Enfim os anos 90 do século XIX são os do Ultimato britânico (1890), que obriga Portugal a abandonar os territórios entre Angola e Moçambique, da queda das remessas dos emigrantes do Brasil em 80% (1890);  da Revolta do 31 de Janeiro, primeira tentativa republicana e da bancarrota do Estado português, ambos em 1891.


Contou também com colaboradores estrangeiros na suas fileiras entre os quais: Ary-René d’Yvermont (Grécia), Rafael Altamira (Espanha), Philéas Lebesgue (França), e Tommaso Cannizarro (Itália).
A título de curiosidade existe actualmente um blog com o título: Ave Azul revista de arte e crítica de Viseu.

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