terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O ANTÓNIO MARIA

O António Maria

Autores; Pinheiro, Rafael Bordalo

Lisboa Typografia A Editora 1879-1898

Descrição Física: 32 cm

Periodicidade: Semanal

Cota Biblioteca Nacional: 070.487 (05)
       741.5 (05)



                      
A primeira página do número de 12 de Junho de 1876, é realçada por uma exuberante capa. Uma jovem burguesa lê o periódico de onde brotam personagens de Bordalo, também aqui representado, como o Fagundes; o Psit e o Arola. Estes resultam da estada do artista no Brasil e da sua observação da vida carioca. Fagundes é uma barriga metamorfoseada de deputado e aventureiro político. Arola e Psit. são uma dupla, reflexo de Sancho e do seu fidalgo D. Quixote. Da presença no referido pais, ficam as revistas Psit!!! (1877) e O Besouro (1878-79).  Por último o Zé Povinho dispensa apresentações. Figura iconográfica do mostruário bordaliano, representa o povo português e o seu sentido crítico e irónico perante as injustiças sociais

No editorial de abertura o António Maria pretende ser a syntese do bom senso nacional tocado por um raio alegre d’esse bom sol peninsular

Esta frase resume bem a alegria e a fantasia da escrita que o caracteriza, apresentando um quotidiano diferente da objectividade noticiosa, marcado pela sátira, boa disposição, mestria técnica das sinuosidades do texto e do lápis. Será assim na sua ambição e sinceridade, oposição do governo e oposição das oposições, num vasto arco de sensibilidade humorística. Apela assim a diversidade das contribuições a todos abertas, não esquecendo a necessária cortesia e amabilidade, principalmente entre senhoras, sendo tutelados pelas figuras de António o Justo e Maria mãe de Cristo, quanto à graça que se pede e deseja, de modo a reproduzir a silhueta da sociedade portuguesa no último quartel do século XIX. Tal afirmação demonstra à saciedade a consciência do exercício humorístico, enquanto força explicativa e desencadeadora dos fenómenos sociológicos. Utilizando jogos de palavras constantes a propósito do nome do periódico diga-se que este se inspira em António Maria Fontes Pereira de Melo (1819-1887), chefe do partido regenerador, presidente do Conselho de Ministros, e detentor de várias pastas ministeriais. Destacou-se pela sua acção de melhoramento das vias de comunicação viárias e rodoviárias, Criou o ensino industrial e organizou o agrícola.

Em resultado do clima de agressão à liberdade de imprensa por parte do governo e legislação, o periódico vai suspender a sua publicação de Jan. 1885 a Mar. 1891. Os tempos são conturbados com a alternância tão criticada entre o Partido Regenerador e o Partido Progressista, sufocando os emergentes como o Partido Republicano Português e o Partido Socialista Português. Já se avizinha a República no horizonte….

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