segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

BALAS DE PAPEL


Balas.. de papel/Gualdino Gomes e Carlos Sertório

Numeração: N. 1 (30 Nov. 1891)-n. 4 (31 Jan. 1892)

Publicação: Lisboa : Imprensa de Lucas Evangelista Torres, 1891-1892

Descrição Física: 21 cm

Periodicidade: Bimensal

Cota Biblioteca Nacional: L. 3427//3 A.



Gualdino Gomes (Lisboa 1857 – 1948) Diplomado no Curso Superior de Letras, viveu algum tempo no Brasil, sendo admitido como bibliotecário na Biblioteca Nacional de Lisboa em 1891. Autor da revista A Tourada, em conjunto com Marcelino Mesquita, que subiu à cena em 1894. Em 1921 adere ao Grupo da Biblioteca, liderado por Raul Proença. Foi director interino da Biblioteca Nacional. Foi também poeta, ainda que tenha apresentado uma produção escassa e Carlos Sertório, são os autores desta publicação.

Esta revista ostenta na capa uma citação de Camilo Castelo Branco, … palavras contra a péssima ordem das coisas sublunares.  Segue-se uma homenagem a Fialho de Almeida, ou José Valentim Fialho de Almeida (Vila de Frades, 7 de Maio de 1857 — Cuba, 4 de Março de 1911), jornalista e escritor pós-romântico português, que na sua obra Os Gatos, composta por crónicas entre 1889 e 1894, apresenta um retrato satírico da vida nacional. A Balas...., assume-se como revista satírica, ao não pretender levantar o mundo como Arquimedes, mas sim… endireitá-lo.

Qual o legado passados mais de 100 anos? Pensamos que o que ainda resulta neste texto é o carácter pugilista do seu humor, breve e contundente, assim como a atenção do detalhe da vida quotidiana, a saber a voz do que se diria nos cafés e nas ruas. Tal sensibilidade será porventura a que nos é mais distante pois aquilo que é óbvio para uma determinada cultura, num determinado espaço temporal, raramente se preocupa em conferir chaves interpretativas para o provir. São reconhecidas as personagens colectivas dos políticos, artistas e notáveis, cuja vaidade e misérias são sovadas, sem qualquer pretensão aos jogos de linguagem e sofisticação humorística; mas já nos escapam os nomes e os pormenores. E este o seu derradeiro mérito se acreditarmos que mutatis mutandis não muda a natureza humana, nem a singular honestidade do ridículo posto a nu., também pelo relato dos costumes, modos de ser e de estar; de um tempo e lugar, que não estão assim tão distantes de nós. Vox Populi, a cuja visão periférica nada escapa.

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