A arte portugueza : revista mensal de bellas-artes
/ Centro Artistico Portuense
Numeração: n. 1 (Jan. 1882)/
n. 12 (Mar. 1884)
Porto : C.A.P., 1882-1884
Periodicidade: Mensal
O Centro Artístico Portuense, foi fundado em 1879, com os estatutos a serem aprovados em
1880. Tinha como objectivo promover o desenvolvimento intelectual e artístico, e
a educação do gosto tanto das artes plásticas como das industriais (relativas a
objectos artísticos em madeira e metal, tanto fabricados à mão como à máquina).
Era esta a sua revista, que tinha o seu conselho de redacção composto por:
Parte artística:
Thomaz Augusto Soller , (1848 - 1883), arquitecto
nascido no Porto, estudou Pintura e Escultura, assim como Arquitectura Civil.
Dedicou-se ao ensino, desenho e à arquitectura. Projectou uma cúpula para a
igreja da Trindade (Porto); António
Soares dos Reis, escultor (Vila Nova de Gaia 1847 - 1889), artista
conceituado, entre as suas obras mais conhecidas contam-se: O Bêbado, Flor Agreste,
uma estátua de Avelar Brotero, (1887) e finalmente os
pintores João Marques da Silva
Oliveira (Porto 1853 – 1927), pintor naturalista e professor.
O naturalismo enquanto escola filosófica opõe-se ao subjectivismo e idealização
romântica, na pintura escolhe representar objectos realistas, numa cena
natural; António José da Costa (Porto 1840
– 1829) dedicou a sua carreira ao retrato e à paisagem, sendo o seu
reconhecimento obtido a partir da pintura de flores.
Parte Literária:
Manoel Maria
Rodrigues (Porto 1847 – 1899) Jornalista do Comércio do Porto. Escreveu A Rosa do
Adro, publicada em 1870. Também escreveu vários libretos para
operetas incluindo Na Lua. Foi
arqueólogo amador e crítico literário; Joaquim António da Fonseca
Vasconcelos (Porto 1849 – 1936), historiador e crítico de arte,
contribuiu para o entendimento da História da Arte em Portugal, enquanto
ciência com objecto e método próprios.
Neste primeiro número
podemos ver um plano didáctico, para um curso de Desenho Graduado e Modelação,
que rejeita o postulado dos processos mecânicos auxiliares do desenho,
defendendo o uso da mão e vista, convenientemente educados. O objectivo não
seria o de uma reprodução servil, mas sim de uma imagem. Caminha-se assim na
direcção da modernidade artística ao valorizar-se a subjectividade artística. Note-se
que à data da publicação deste número, a fotografia já era usada regularmente
em Portugal destacando-se os trabalhos de Carlos Relvas,
que na sua extensa galeria fotografa mendigos, pescadores, e figuras notáveis.
Fotografou também o Tejo e o nu feminino.
Finalmente, temos a
polémica sobre a existência de uma arte portuguesa anterior à romanização na Citânia de Briteiros, à qual responde Francisco Martins de Gouveia Morais
Sarmento (Guimarães 1833 – 1899) arqueólogo e
escritor, problematizando as suas origens.
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