Ave Azul: revista de arte e critica/dir. Beatriz Pinheiro de Lemos e Carlos de Lemos
Viseu, 1899 – 1900 (12 números em duas séries)
Periodicidade: Mensal
Descrição física: 23 cm
Cota Biblioteca Nacional: J. 1637 B.
Revista editada em Viseu,
contrariando certa tendência dominante de Lisboa e Porto. A sua direcção era
assegurada por Beatriz Pinheiro de Lemos (Viseu,
1872 — Lisboa, 1922), poetisa e intelectual, pioneira da emancipação
feminina em Portugal e o seu marido Carlos de Lemos
(Lalim, Tarouca, 3 de Janeiro de 1867 — 1954),
poeta, jornalista e editor, defensor do republicanismo. Citando as éclogas de Virgílio:
Trahit sua quem que voluptas: Cada qual tem o prazer que o arrasta assumindo-se o carácter
pessoal e intimista da revista, que remete para um público educado da média
alta burguesia, existindo ainda assim um certo amadorismo na apresentação
gráfica. Quando falamos em publico educado, estamos a referir-nos a alguém que
conheceria as citações latinas, mesmo que não falasse a língua, e os seus
autores clássicos.
A Ave afirma-se
como das poucas revistas literárias no país, de suposto reconhecimento
merecido. Não a inspiram novas teorias estéticas mas sim um papel de divulgação
da cultura literária, perante a perspectiva das dificuldades económicas de tal
publicação, cujo principal objectivo é facultar a todos o prazer lúdico e
evasivo da poesia, rejeitando qualquer pretensão à celebridade. Em paridade com
o trabalho a poesia deve acompanhar o homem no seu devir, valor republicano por
excelência com todas as suas iniciativas de educação popular.
Tal não significa que a
revista e citando esta, se aliene das misérias do século.
De facto os finais do século XIX, são a época da Regeneração,
durante a Monarquia Constitucional, onde Portugal se esforça por atingir um
desenvolvimento económico e modernizar-se. Também a literatura tinha mudado com
a edição das Odes Modernas, (1865)
de Antero de Quental,
onde são patentes as influências do humanismo de Proudhon
e da dialéctica evolucionária de Hegel, rompendo o sentimentalismo romântico, e
inspirando-se no ardor revolucionário, na justiça social e no triunfo da
verdade ideal. Enfim os anos 90 do século
XIX são os do Ultimato britânico (1890), que
obriga Portugal a abandonar os territórios entre Angola e Moçambique, da queda
das remessas dos emigrantes do Brasil em 80% (1890); da Revolta do 31 de Janeiro,
primeira tentativa republicana e da bancarrota do Estado português, ambos em
1891.
Contou também com
colaboradores estrangeiros na suas fileiras entre os quais: Ary-René
d’Yvermont (Grécia), Rafael Altamira
(Espanha), Philéas Lebesgue
(França), e Tommaso Cannizarro
(Itália).
A título de curiosidade existe
actualmente um blog com o título: Ave Azul revista de arte e crítica de Viseu.
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